Liguei a moto e fui parar numa praia no Pacifico Chileno

Pessoal essa viagem que vou relatar aqui aconteceu a quase dez anos. E as fotos estavam perdidas. Essa semana fuçando por aqui reencontrei e escaneei, porem a qualidade se perdeu, vou postar assim mesmo somente para ilustrar melhor o relato. 







Depois de quatro anos trabalhando quase no vermelho, aquele final de ano de 2001 tinha sido muito bom e eu já havia comentado com a Deise que se tudo desse certo eu iria dar entrada numa moto para comemorar o sucesso daquele ano fazendo algumas viagens.


O final do ano passou e logo na primeira semana de janeiro, fizemos o fechamento da contabilidade e percebi que o movimento na nossa pequena mercearia tinha sido muito melhor que tinha-mos planejado, fiquei tão contente que fui na concessionaria e comprei a moto a vista. 




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A ideia daquela viagem.

Cinco anos antes, meu amigo Carlos Rojas Chileno Maitre do restaurante Nabuco em São Paulo, tinha me contado que iria passar ferias em sua terra natal e viajaria de Moto, uma Super Tenere. E ele foi, e eu fiquei sonhando com a viagem dele. Naquele tempo a internet gatinhava e a unica forma de acompanhar uma viagem era sonhando. Quando ele retornou das ferias, e ele sabendo que eu era louco por viagens, me contou todos os detalhes daquela aventura.

E foi assim que aquele sonho ficou em stand by na minha memoria.
 
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A Moto

Já fazia alguns anos que eu estava sem Moto, Tinha vendido a ultima Moto quando o Danilo nasceu. Foram anos interminaveis de muito trabalho,mas agora tinha chegado o momento certo só faltava escolher que Moto seria.
E a escolha da Moto se deu assim,
Em primeiro lugar ela tinha que caber no meu orsamento apertado,
Tinha que ser uma maquina confiavel,
Tinha que ser Trail eu gosto de caminhos alternativos e essa Moto teria que me levar por qualquer caminho.
 
E com esse pensamento cheguei na concessionaria Honda onde eu fui apresentado para a recem lançada Tornado XR 250 a qual de cara preencheu
todos os meus requisitos. É logico que na época havia outras alternativas mas aquela era a unica que cabia no meu bolso.
 
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O Planejamento da viagem.

Sei que muitos vão ficar boquiabertos. No dia que eu comprei a moto eu ainda não tinha decidido que viajaria para o Chile, só me dei conta quando me lembrei da viagem do Carlos Rojas, aquela ideia acendeu com uma força impressionante, e ainda mais quando comentei com a Deise que eu sonhava com aquela viagem do Carlos e ela como num passe de magica me falou assim..."Porque que voçê não aproveita que o movimento aqui na mercearia é fraco em janeiro e vai" Aquele incentivo foi o start que faltava.
     
Estava no final da primeira semana de janeiro eu tinha dez dias para comprar a Moto, emplacar, e fazer os documentos e planejar a viagem.

Liguei para concessionaria e eles me garantiram entregar a Moto emplacada e licenciada em tres dias. E entregaram como o combinado.

Então o planejamento ficou assim. Ligar a moto levantar o pé de apoio e ir. nada mais. Só sabia que pra chegar no Pacifico eu queria passar por Uruguay, Argentina, Chile, e Paraguay. Plano, pra que?
 



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Duas semanas de preparação.


Era o tempo que eu tinha para me preparar me adaptar com e amaciar o motor da Moto, Quando eu peguei a moto fiquei sabendo que teria que fazer a revisão obrigatoria dos 3000 km. Na verdade se eu pudesse eu ja partia la da concessionaria, mas fiquei com a pulga atraz da orelha eu não teria tempo para esperar fazer 3000 KM, então pensei assim vou andar com a Moto o maximo que puder nessas duas semanas e lá no Rio grande do sul eu faço a revisão em alguma concessionaria.

Vejam só o que um sonho é capaz de fazer, Para acumular kilometragem e sabendo que daqui de São paulo ao Rio grande do sul é mais ou menos 1500 KM, Ja no primeiro final de semana com a Moto eu falei para a Deise que iria dar umas voltas com a Moto e sai por ai sem destino, pensei comigo Vou até Aparecida do Norte rumei sentido Via Dutra e fui...Mudei de ideia passei por Aparecida e segui para Cunha " eu presisava treinar" La em Cunha Tomei agua e resolvi pegar um pedaço da Estrada Real e fui parar em Paraty. Não me dei por contente e pensei, já que estou aqui vou dar um pulo em Angra, O teste era pra valer. Sol de Rachar, chuva de Diluvio, Asfalto da Dutra, Terra da Estrada Real e já que eu estava em Angra, segui a Rio Santos até sair na Avenida Brasil, Pronto eu estava na cidade 
maravilhosa, já era noite fiquei num Hotel no Aterro do Framengo e na manhã seguinte partia pra São Paulo direto pela Dutra, me encantei com a subida da serra e rapidinho ja estava nas retas da Br 116. Cheguei em casa na hora do almoço e o odometro da Moto marcava exatamente 1300 KM. A preparação da Moto se deu nesses dois dias, já me sentia intimo da esperta Tornado. 


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Não sabendo que era impossivel ele foi lá e fez. " Ditado"

Na Epoca nunca tinha lido relatos,nem livros, nem nada sobre viagens de Moto pela America do Sul. Por EX.

Eu não sabia da nessecidade de seguros para viagens fora do Brasil "Carta Verde" Não levei, Não pediram, Não Precisei.

Não sabia quais documentos da Moto. Que teria que estar quitada e em nome do condutor, na sorte eu comprei a Moto a vista, Lembram que eu iria financiar a Moto?

Documentos Pessoais só levei o RG e Carta de Habilitação, na Argentina e Uruguay eu sabia que o RG bastava, Porem tinha duvidas da necessidade de Passaporte para dar entrada no Chile nem carteira de Habilitação internacional "PID", Pensei comigo se presisar e não tiver volto de onde estiver. Levei Também minha carteirinha do Albergue da Juventude, usei somente em santa Catarina e no Uruguay.
 

Para a Moto não levei, não comprei nenhum acessorio, adesivos,ferramentas, oleo,graxa, simplesmente nada, somente o kit de ferramenta original da Moto. Me lembro que só comprei quatro extensores e duas aranhas para amarrar a mochila.

Para meu uso levei tres calças Jeans e uma de Brim, cinco camisetas, um jogo de moletom, algumas meias e cuecas, me recordo que comprei uma jaqueta de couro que paguei uma fortuna para os meus padrões da época e uma touca e só.

Para minha segurança, Um Capacete que nem me lembro a marca, e uma luva de couro vagabundinha que antes de chegar em Mendonza já estava toda furada, não levei joelheira ou cotoveleira nem protetor para coluna, levei uma luva de latex aquela para pedreiros que usei por cima da luva de couro e funcionou bem, estava inventada a luva impermeavel. Levei uma Bota de Borracha Vulcabras aquelas tambem muito usadas em obras pelos serventes de pedreiro, peguei chuvas torrenciais no Rio grande do sul porem não entrou uma gota de agua dentro da Bota. Arrumei tudo num saco de lona usado no Exercito que eu Havia comprado num brexo.

A capa de chuva é uma historia a parte, todo Motociclista sabe que qualquer chuvinha e velocidade o resultado é frio de contagiar independente da temperatura ambiente, isso quer dizer que se proteger de chuva deve ser uma das principais preocupação do Motociclista e não é que naquela correria eu esqueci de comprar a minha, por sorte o Léu Motoboy experiente tinha uma capa novinha guardada em casa, me lembro que ele falou assim, se você não tiver vergonha de usar capa de Motoboy eu te dou a minha...Puts, vergonha? Logo eu? que você esta esperando pra me dar logo essa capa?...De lá para cá eu tive varias capas inclusive algumas carissimas, porem nenhuma me protegeu como aquela...Pessoal o simples funciona e as vezes até melhor, exatamente porque é simples.

Não levei Kit de primeiros socorros a não ser Aspirinas e uma faixa para usar no pulso caso sentisse alguma dor já que eu tinha machucado o pulso um mes antes. nada mais.

Minha maior preocupação era em relação ao Dinheiro. Não me recordo quanto exatamente levei, mas já sai de São Paulo com toda Grana que eu iria usar em toda a viagem, Alem dos Reais "Não me recordo se eram Reais mesmo naquela época" levei 800 Dolares uma fortuna na época levando em consideração que o Dolar valia quase cinco Reais. Dividi e escondi varios valores na Moto, na Mochila e na roupa que eu estivesse usando no dia eu imaginei assim se acontecesse alguma coisa comigo eu tinha uma reservinha escondida na Moto ou na Mochila.
Não levei nem um tipo de Cartão de Credito, Debito ou Travel, nem uma outra forma de Credito. Nem Seguro para mim ou para a Moto.

Levei nossa antiga Maquina Fotografica yashica analogica a mais simples da época e varios rolos de Filmes Kodak e Fuji. Era um saco trocar o Filme.

Meu GPS foi um Guia Quatro Rodas com as principais Estradas do Sul do Brasil e do Mercosul. A unica Dica me foi dada cinco anos antes por meu amigo Carlos, que disse assim, me lembro como se fosse hoje, vá para o sul do Brasil e de la vá seguindo as placas que você chega no Chile. E por incrivel que possa parecer as placas estavam lá e pude me guiar por algumas delas.
 



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Preparação concluida dois dias antes do previsto.

Em tempo Record conclui aquilo que eu julgava ser uma preparação, que foi desde comprar a Moto até amarrar a Mochila na Moto. Tudo em menos de duas semanas e pasmem quase morri de ansiedade porque estava tudo pronto e amarrado em cima da Moto dois dias antes do previsto, aqueles dois dias duraram uma eternidade quase nem dormi eu não acreditava que eu ia começar a realizar um sonho de infançia, conhecer o Pacifico.

O grande dia Chegou, passei aqueles dois ultimos dias me despedindo dos filhos e da esposa e de madrugadinha parti daqui do Jardim Noemia, Zona leste de São Paulo em poucos minutos eu estava na Airton Sena, em seguida Marginal Tiete e Marginal Pinheiros logo Passei pela Francisco Morato e pronto aqui realmente começava a minha viagem eu estava na Regis Bittencourt e rumando para Curitiba.
 



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Em curitiba

A Regis naquela época estava em pessimas condições, poderia dizer que se tratava de uma grande avenida de caminhões, eu estava tenso tinha acabado de ver um acidente na serra do Dende,mas conforme os Km iam passando a estrada ia melhorando e o volume de caminhões diminuindo. Nessa tocada logo cheguei na represa do Capivari já proximo a Curitiba, achei o lugar bonito e parei para descansar e tirar fotos eu estava adiantado não queria chegar muito cedo na casa da Lurde em Curitiba onde eu ia passar aquela primeira noite da viagem.
 



Ponte sobre a Represa do Capivari Curitiba

Meu primeiro descanso, primeira foto,eu estava amando aqueles momento.


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Foto classica em Florianopolis
Curitiba PR - Garopaba Praia do Ferrugem SC

A Lurde não se conteve de alegria e logo de raiva tanto tempo sem passar por ali e ja ia embora de madrugada, mas logo ela me entendeu, tanto é que fez uma kuca de banana pra mim tomar café de manhãzinha antes de partir.
Aqueles dois dias de ansiedade antes de partir de São Paulo vieram cobrar o cansaço e acabei perdendo a hora acordei quase oito da manhã, já que eu estava atrazado tomei café com calma, me despedi da lurde e do Anderson e rodas para quem te quer.

A minha intenção era descer pela BR 101 sentido joinvile e tocar para Florianopolis, por sorte no posto que eu parei para abastecer fiquei sabendo que tinha caido uma barreira na serra e a estrada estava momentaneamente interditada, liguei pro meu primo caminhoneiro em Curitiba ele me aconselhou pegar a BR 227 decer por Paranagua e ir pelo litoral até Garuva e lá voltar para a 101, Otima dica caminho perfeito só me atrazei um pouco porque perdi a balsa em Guaratuba em poucas horas eu estava passando por Itajai,Camboriu, Porto Belo e emfim Florianoplis que eu não conhecia e fiz questão de entrar na cidade só para tirar uma foto da Moto proximo da Ponte Hercilio Luz, dei umas voltas pelo centro e logo voltei para a 101 meu objetivo era me hospedar no Albergue da juventude na praia do ferrugem em Garopaba e assim eu fiz.

Eu pensava que a praia do Ferrugem ficava na orla do centro de Garopaba mas fiquei sabendo que não, então toquei pra lá fui até o Albergue da Juventude e fiquei num quarto comunitario com varias camas o curioso que só eu fiquei naquele quarto naquela noite, ainda pela tarde sai para dar umas voltas pela imensa praia do Ferrugem e pude acompanhar os surfistas pegando as ultimas ondas daquele dia.

Voltei pra pousada e tomei banho e me deitei na beliche para descansar um pouco, minutos antes eu havia conhecido uma galerinha mais nova que eu e eles me convidaram para uma balada que acontecia por ali todas as noites, o porem é que essa balada só começava depois da meia noite, então enquanto eu descansava na parte de baixo da beliche passei instintivamente a mão pelo estrado de cima e adivinhem o que eu encontrei, é isso mesmo uma trouxinha de maconha mais ou menos umas dez gramas dava uns dois cigarros a principio pensei em jogar na privada e dar descarga mas resolvi deixar onde estava, dormi e acordei já perto da meia noite e me arrumei para ir com o pessoal para a balada, desci e encontrei o pessoal no jardim do Albergue me lembro que comentei com eles do meu achado, fiquei surpreso quando eles me perguntaram se eles poderiam pegar eu acenei que sim e eles buscaram. Na hora inventei que estava muito cansado e que iria partir de madrugada e que então eu não os acompanharia até a balada ficaria para uma proxima, A verdade é a seguinte nunca curti nenhum tipo de Droga e tambem não curto estar com pessoas que usam, então cada um pro seu lado e na real eu iria partir bem cedo mesmo então fui dormir e sonhar com a minha viagem essa sim era a minha verdadeira Droga.
 



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Garopaba SC - Pelotas RS

Como eu Havia ido dormir cedo pensando no Forró da balada que eu não fui, acabei acordando bem de madrugadinha e descansado, já havia deixado o pessoal do Albergue avisado que iria sair cedo então ele me deixou com uma copia da chave da recepção que eu deixaria num vaso ao lado da porta ao sair e foi o que fiz, tirei a Moto pelo corredor e fui liga-la la na rua para não acordar ninguem, peguei a estradinha de terra e logo já estava abastecendo a Moto em um grande posto logo na entrada de garopaba já na 101, meu 
primeiro susto na viagem aconteceu nesse posto o frentista desatento e ainda sonolento deixou derramar Gasolina na Moto e pra acabar de fuder, com o susto que ele levou pensando que a moto talvez pegasse fogo quando a gasolina decesse pelo motor afora, ele me joga um balde de agua fria na Moto para apagar um imaginario incendio...fiquei puto, já pensou se me da um choque termico e trinca alguma peça eu só iria ficar sabendo quando estivesse na PQP, Ficamos só no susto pude perceber com o tempo que nada aconteceu, na verdade nem sei se essa possibilidade de choque termico existe.

Peguei a 101 novamente e empinei rumo a Porto Alegre, não passou muito tempo e a dona chuva veio me acompanhar, imagine a qualidade do asfalto da 101 naquela época, agora some-se a isso mais de cinco centimetros de agua por toda a pista, pensa que acabou? imagina o tamanho das ondas que os caminhoes faziam quando passavam, foi o trecho mais punk da viagem e mesmo assim eu não estava nem ai para parar eu queria era muito mais, e assim foi por mais de trezentos KM, se alguem me perguntar o que eu vi pela estrada posso afirmar com certeza que não melembro se quer de uma arvore, uma vaca, uma curva, não me lembro de nada, só me lembro que estava concentrado no metro seguinte era só o que eu enxergava.

Perto de Osorio o sol voltou a dar o ar da graça e eu pude curtir a free wey, um grande lago que ainda hoje não sei o nome me acompanhou ate proximo a Porto Alegre, era a primeira vez que eu passava por ali e até pensei em passar uma noite em Porto Alegre, fui ate o centro passei pelo palacio Piratini e resolvi não ficar, conhecer aquela cidade precisava de tempo e o meu foco era o Pacifico então embiquei a Moto sentido Pelotas e pau na maquina e não é que a maquina respondia numa magistral velocidade cruzeiro de 110 KM h. "Pense num trem bão".

E continuando pela 101 sentido Pelotas, já la proximo das duas da tarde vi muitos caminhões parados numa área que a principio pensei que fosse para descanso, na verdade era uma churrascaria com uma fachada simples tipo um carramanchão antigo. E como a fome já estava falando alto também resolvi parar por ali e para minha surpresa foi o melhor churrasco que já comi na vida. Me recordei da dica do meu primo Caminhoneiro, ele fala assim, Se na estrada você ver muitos caminhoes parados em algum restaurante, pode descer e almoçar que a comida é boa e barata. E relamente éra.

Depois do almoço bateu um sono, não resisti ao ver os caminhoneiros armando suas redes embaixo dos caminhoes para tirar uma soneca, pedi licença para um deles encostei a Moto proximo do caminhão e aproveitei que a grama era macia e tirei meu cochilo debaixo daquele caminhão. Dispertei assustado com o Motorista do caminhão me cutucando avisando que era hora de partir, o que era pra ser uma soneca acabou sendo um sono profundo de quase uma hora... Que delicia essa liberdade, liguei a Motoca e me fui pra Pelotas que estava a poucos km dali.
 



Deixei a Moto na concessionaria de Pelotas para fazer a revisão dos 3000 km e fui conhecer a cidade.

Esse lindo predio era um Hotel em decadencia em Pelotas, foi uma noite tenebrosa o assoalho rangia a noite toda..Que medo de Fantasma.


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Pelotas - Chui RS - Com direito ao um trechinho da Estrada do Inferno. 

Conforme combinado fui buscar minha Moto logo depois do almoço na concessionaria e não é que estava tudo prontinho. Os mecanicos todos legais porem pessimistas, eles não acreditavam que eu estava indo pro Pacifico com aquela Motinha "segundo eles" e com tão pouca bagagem naquela minuscula Mochila, mais incredulos ainda quando mencionei que iria passar pelos os cinco paises do cone Sul, Uruguay, Argentina, Chile, Paraguay e contando com nosso Brasil.

Na volta Passei pelo centro para me despedir do Preto Azul, recepcionista do Hotel que em poucos minutos de conversa tive a liberdade de apelida-lo assim. Naquela Epoca era dificil ver um negro no RS, tanto é que brinquei com ele que nunca tinha visto um gaucho negro ao que ele foi logo respondendo que não seria naquele dia que eu ia ver um, afinal ele era Mineiro... E foi assim que nunca mais me esqueci do Preto Azul.

Naquela tarde lá estava eu de volta no finalzinho da interminavel BR 101, para o Chui sentido a Rio Grande, na verdade eu queria chegar ao Chui pela praia pegando o finalzinho da Estrada do Inferno, sabiamente resolvi na utima hora pegar a BR 471 e ir por dentro da reserva do Taim, uma pena que na época eu compreendia pouco da magnitude daquela reserva e não pude aproveitar melhor aquela oportunidade...

Na época a BR 471 era fechada com uma porteira e para ter acesso a reserva sentido Chui tinha que deixar os dados com o um guarda que tomava conta da porteira, passei pela porteira e fui embora e já até podia sentir o cheiro do uruguay, mas não sem antes passar por um susto estava tão empolgado com as belezas dali, que me esqueci de compretar o tanque da tornado, só sei que a Moto chegou no Chui somente com o cheiro do combustivel.
 

Entrada da reserva do Taim a poucos km a frente.

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Chui - RS 



Apesar de ter saido de pelotas depois do almoço, cheguei no Chui relativamente cedo, abasteci a Moto e fui procurar um Hotel, pesquisei pelo lado Uruguayo mas acabei num hotel no lado Brasileiro, o dono era um Uruguaio bom de negocio, e o preço da diaria coube certinho no meu bolso. Não me lembro o nome desse Uruguaio, me recordo que valeu a pena ter ficado no Hotel dele, eu estava receoso em relação ao Uruguay, afinal aquela seria a minha primeira vez por ali de Moto, ele me tranquilizou dando varias dicas, inclusive foi ele que me cambiou meus primeiros 100 dolares em pesos Uruguaios me informando que seria o suficiente para passar duas noites no Uruguay com alimentação, combustivel, e Hospedagem e possivelmente para passagem do barco, de colonia a Buenos Aires. Na época, 100 Doletas valia muito, em torno de R$ 470,00 comparando com o cambio atual. 



Na manhã seguinte aproveitei que o tempo estava bom e fui conhecer os farois do Chui e tambem o arroio Chui que divide as prais de Chui Brasil com a de Chuy do Uruguay, as dez da manhã já tinha conhecido tudo ao que tinha me proposto, passei pelo Hotel peguei minhas muambas, me despedi do pessoal que tinha conhecido aquela noite, liguei a Moto e lá me fui Uruguay afora. 
Farol da Fronteira


Que venha o Uruguay, até breve Brasil.
Minha primeira experiencia em areia fofa...Coloquei em risco minha viagem ao Pacifico..
Do outro lado, ali tão proximo o Uruguay
O tempo voltou a nubrar, mas não me impediu de conhecer varios km de prais desertas.
Essas Dunas quase comprometem minha viagem, varios capotes ainda bem que areia é fofa

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Nas Rutas do Uruguay 



Sabe que, me deu um branco na cabeça. Eu ainda hoje não me lembro como foi os tramites de aduana para entrar no Uruguay pelo Chui, por mais que eu tente me recordar não consigo, então passo batido por esse relato, confesso que até eu que estive lá fiquei curioso com esse detalhe,como é que não me lembro disso? afinal Aduanas são pontos importantes numa viagem de Moto. Deixa pra lá, se algum dia me recordar volto aqui e reedito o relato. 



Atravessei a rua já estava no Uruguay em poucos minutos estava rumando para Montevideo pela a ruta 9, Não entendo o o motivo dessa emoção quando estamos viajando com nossas Motos em outros Paises. Eu adoro viajar pelo Brasil, mas quando estou viajando pra fora, essa sensação invade o capacete sem pedir licença, uma adrenalina diferente, não sei explicar e ainda hoje é assim. 



Tomado pela emoção de estar pilotando ali pelas Rutas do Uruguay, não me dei conta e me esqueci de abastecer a Moto. derrepente o motor começou a falhar, passei a mão pela chave que da acesso a reserva de combustivel abri e fiquei torcendo para chegar logo num posto de combustivel, diminui sensivelmente a velocidade para tentar economizar o maximo possivel mas não teve jeito, fiquei na mão pouco mais de duzentos km depois que entrei no Uruguay, puts que merda pensei comigo eu tinha me esquecido que tinha ido pela manhã passear pelas Dunas e farois la do Chui e a merda estava feita, sem combustivel, num lugar desconhecido e logo nas primeiras horas de minha primeira viagem internacional. O foda de viajar só é isso, alem de não ter ninguem do lado pra ajudar numa hora dessas, não tem em quem colocar a culpa, tem que engolir a seco e assumir o proprio erro e correr atraz e foi o que fiz. á sorte que passando a primeira curva de onde eu estava menos de quinhentos metros eu avistei uma casa e fui bater lá, fiquei todo contente e confiante porque logo na entrada da casa eu avistei uma Motinho bem pequena talvez uma cinquenta cilindrada, pensei na pior das hipóteses eu poderia pagar para alguem buscar gasolina em algum posto pra mim, bati palmas e um casal bem novos vieram me atender, foram solicitos conseguiram tirar uns 700 ML de gasolina da Motinho e me emprestaram e para completar a minha felicidade me disseram que o posto ficava a menos de dois quilometros a frente, voltei pra minha Moto coloquei aquele poquinho de gasolina e torci pro motor pegar e ele pegou. fui até o posto compretei o tanque e comprei mais dois litros de gasolina, voltei lá e devolvi a gasolina que o casal me emprestou...MUITA SORTE, já pensou se isso acontece em algum lugar deserto. Depois dessa lição nunca mais deixei acabar o combustivel da minha Moto. 


Apesar daquele imprevisto, antes das quatro da tarde estava em Montevideo, demorei para encontrar o endereço do Hostal, mas valeu a pena ter insistido em procurar, encontrei e ficava bem localizado, entre a Av. 18 de Julho e Av. Libertador e as Rambras. 





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Montevideo - Colonia - UY


O Hostal não estava muito cheio, tinha um velho alemão no mesmo quarto que eu, tentamos trocar algumas palavras, mas foi com mimicas que nos entendemos melhor, fui dormir logo, já que nem as mimicas renderam algum resultado satisfatirio. O fato comico é que o Alemão roncava feito porca no cio e aprendi ali que ronco é universal, infelismente esse sim entendemos seja ele qual lingua for.


Acordei bem cedinho deixei, o alemão dormindo e sai para conhecer a cidade, busquei a Moto num estacionamento ali procimo e fui dar minhas voltas pelo centro e os bairros, fui ao Cerro Montevideo, lugar com uma vista panoramica da cidade, passei pelo Estadio Centenario, voltei pela Rambla,conheci um pouquinho do centro historico, me dei por satisfeito. voltei pro Hostal peguei minhas coisas e rumei para Colonia.

Tinha passado do meio dia quando consegui afinal encontrar a Ruta que me levaria a Colonia, a pista estava em boas condições e o tempo ensolarado mas não fazia calor, uma tarde ótima para estar na Ruta, fui bem devagar para aproveitar melhor a paisagem dos pampas Uruguaios.


Cheguei de tarde em Colonia resolvi ficar por ali, achei por bem não chegar em Buenos Aires a noite e minha decisão foi acertada, porque procurar Hotel naquela imensa cidade na hora do rush não ia ser nada facil, fiquei num Hostal na rua principal de Colonia e aproveitei o que pude daquela tarde e noite.
A primeira Impressão que eu tive da cidade foi Otima, Talvez pelo estilo colonial e algumas ruas de pedras me fizeram lembrar Paraty, fui para beira do rio deitei na grama e fiquei esperando o tempo passar e ele passou tranquilamente. A Noite fui na Fiesta de La cerveja Nortenã, tinha danças folcloricas e gincanas, uma pena eu estar com a grana contada para comprar a passagem do Buquebus. Comi um Chivito e tomei umas Nortenã, uma delicia de Cerveja, não conheci ninguem na festa, nem uma moça olhou pra mim, sera que eu estava com cara de Brasileiro? voltei pro Hostal ja passava das 23:00 h. Cansado e Mamado dormi de roupa e tudo.
 










Passadinha pelo Estadio Centenario









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Curiosidade na Ruta para Colonia, tive a impressão de estar havendo uma migração de aranhas atravessando a ruta, passei por varias enormes, até que não resisti e parei para fotografar uma. Essa ai nem era das grandes.

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Adiós Uruguay 



Antes do sol eu já estava pronto, tomei banho demorado, fiz a barba, estava todo perfumadinho e descansado. Sai pra rua e apesar daquele cheiro gostoso de pão quentinho as panaderias e os cafés ainda não estavam abertas a cidade estava se despertando, num ritimo calmo em que eu não estava acostumado, mas confesso que estava gostando daquela tranquilidade e pensar que não fazia nem uma semana que eu tinha saido de casa e aquela sensação de poder esta ali acompanhando o inicio da rotina daquela cidade para mim era indescritivel. 



Fui caminhando até o pequeno cais, eu queria ser o primeiro a comprar o Tickt no escritorio da Buquebus, o primeiro Ferry sai por volta das sete da manhã ainda não era seis, mas eu já estava lá e o escritorio ja estava aberto para venda das passagens, comprei a minha e da Moto, não me lembro exatamente o valor, e apesar de ter procurado a passagem mais em conta ainda assim achei caro. 

Voltei pro Hostal buscar a Moto, Tomei Cafe numa Panaderia comi um saboroso e macio croissant que lá eles chamam de Media luna, essa é uma das ultimas lembranças daquela deliciosa manhã no Uruguay. 

Minhas coisas já estavam todas arrumadas na Moto, minha conta no Hostal ja estava paga, era so ligar a Moto e descer a rua. O Ferry já tinha autorizado a entrada dos veiculos, mas antes tive que fazer os tramites da aduana, que me pareceu confuso, porem rapido, desci para estacionar a moto no Ferry e fui auxiliado para prender a Moto . Subi apresentei novamente meu Tickt e entrei no Buquebus, Em Poucas horas Estavamos ancorando em Buenos Aires. 


Ferry, Buquebus Colonia - UY a Buenos Aires - AR

O Rabino e sua Aia, e ao fundo a imensidão do Rio La Plata
Uma manhã perfeita para atracar em Buenos Aires, a medida que o Ferry se aproxima do porto, percebe-se a beleza daquele imensa cidade. Eu até poderia comparar aquela chegada com a mesma emoção de quem atravessa a balsa de Guarujá para Santos, ou melhor ainda com a chegada das barcas Niteroi para o Rio, quem sabe Também, talvez pela imponencia do encontro das aguas do Solimões e o Rio Negro ao chegar em Manaus, mas sem duvida nenhuma a vista da chegada no porto pelo rio La plata em Buenos Aires ficara marcada em mim. 


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Mi Buenos Aires Querido.

Conforme o Buque vai de aproximando do final da viagem a aproximação em Puerto Madero é feita bem devagar a anciedade vai aumentando. É a primeira vez que eu passo por aqui de Moto. Faltava pouco para estar nas lendarias e interminaveis retas das Rutas Argentina. Mas não sem antes passar pelos tramites da imigração Argentina. O qual foi mais rapida que eu pudesse imaginar.

Tudo Pronto, sai pelo cais, subi pela avenida Cordoba em poucos minutos eu estava na Nove de julho, fiz questão de passar por essa avenida para matar um pouco da saudade do meu amigo "Pocho" , afinal foi andando com ele por aqui a muitos anos fiquei sabendo por ele que se tratava da mais larga avenida do mundo, Se é verdade não sei, mas que se trata de uma bela avenida não tenho duvidas. Continuei desci pela avenida libertador e parei em outro ponto da cidade muito significativo para mim em Retiro. Proximo as estações, Mitre, Belgrano,San Martin e Retiro. Foi ali que no ano da Guerra das Malvinas eu ainda um rapazinho pude constatar de perto um dos dias mais tristes da Historia Argentina. Naquele dia acontecia ali a despedida dos soldados que partiriam de trem para lutarem na guerra das Malvinas. Uma comoção que tomava conta de todos e ainda hoje me comovo muito mais, Hoje eu sou pai, entendo perfeitamente a tristeza de se despedir de um filho indo para guerra.

Essas São as Lembranças que eu trago da minha Buenos Aires querida.
 



Estações Belgrano e San Martin em Retiro..." Pra mim esse local se tornou Sagrado"


Av. 9 De julho "más Ancha en el mundo" Segundo o Pocho.

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Primeiro susto na Argentina 




Apesar de muitas saudades de muitos amigos Que moram em Rafael Calzada, luiz Guijon, Lomas de Zamora periferia de Buenos Aires, meu tempo era curto e não seria dessa vez que iria visita-los. peguei a auto pista 25 de Mayo sentido ruta 7 e de tão contente de ter passado novamente por Buenos Aires que me esqueci de fazer Cambio no Porto e só fui me dar conta disso quando estava chegando no primeiro pedagio já proximo a Avelaneda, gelei ao avistar as cabines de pedagio, puts como vou fazer para pagar o pedagio?... escostei bem proximo da cabine e tentei falar que não tinha feito cambio e portanto não tinha pesos argentinos para pagar, ela não entendeu nada que eu falava mas me sinalizou para encostar a direita e esperar que alguem viesse me atender. sai da cabine encostei proximo dali e logo veio uma senhora que por acaso era muito gentil, expliquei a ela o ocorrido ela me fez assinar um termo que na proxima vez que passasse por ali eu pagaria meu debito e me liberou...Liguei a Moto e lá me vou, porem fiquei preocupado com cambio afinal eu ja estava a quase trinta quilometros do centro de Buenos Aires e fiquei tenso com a possibilidade de não poder abastecer a moto, afinal as unicas moedas que eu levava era Dolar e Real e dificilmente seriam aceitas para pagamentos. Resolvi abandonar a auto pista e tentar informações de cambio por ali, em primeiro lugar parei num posto e conversando com o frentista ele convenceu o proprietario do posto me trocar dez Dolares, que por minha sorte dolares na argentina naquela epoca eram muito bem aceitos, mas que o dono do posto não quiz me cambiar mais, por imaginar que minhas notas talvez fossem falsas, me orientaram a retornar para Avelaneda e tentar fazer cambio em algum Banco La Nacion




Com quem deixar a Moto? 

Retornei até Avelaneda rodei pelo centro ate passar por um banco La Nacion. fiquei preocupado em onde deixar a Moto, e como não tinha Pesos Argentinos para pagar estacionamento, arrisquei e deixei minha Moto estacionada na rua. não sei se vocês se lembram no inicio comentei que escondia parte do meu dinheiro em varias partes da Moto e da mochila e por um vacilo meu eu teria que confiar em deixar tudo ali na rua e procurar um banco para fazer o cambio e continuar a viagem..." esse é um contra tempo de quem viaja solo, quem que toma conta da Moto?". Como não tinha alternativa, seja o que Deus quizer e fui torcendo para que quando eu voltasse a Moto e minhas coisas ainda estivessem por lá.





Sustos, medo, enfim consegui fazer o cambio!! 

Nessa época a Economia Argentina vivia um momento Muito dificil, e a crise financeira era a pior das crises que que os Argentinos passavam naquele momento. E para piorar o governo tinha acabado com a paridade Dolar x Pesos e logo em seguida copiaram de nós o plano Collor e Lançaram por lá o 
"corralito" bloqueando a disponibilidade de depósitos bancários. 

Porque que eu estou contando isso? é que esses fatos interferiram na minha viagem, cheguei a imaginar que não conseguiria fazer cambio na argentina. Como o governo bloqueou as contas correntes, todos os argentinos que tinham Dolar estavam querendo fazer o mesmo que eu "Cambiar" , as filas nos poucos bancos autorizados a fazer cambio eram imensas algumas pessoas estavam madrugando em frente as agencias e no meio dessa avalanche eu cheguei a pensar no pior, afinal pensei comigo. quanto tempo teria que passar nessa fila? talvez até mais que um dia...E eu sem grana até para comprar uma garrafa de agua... 


Mesmo assim arrisquei ficar na fila, minha preocupação com a Moto vai aumentendo com o passar do tempo, sem contar que ja passava do meio dia a fome e a sede..quanto tempo vou conseguir ficar nessa fila? pior ainda era a duvida, sera conseguiria fazer o cambio? 
Passado algum tempo na fila percebi um sujeito cochixando no ouvido das pessoas da fila, inclusive algumas delas ate saiam da fila e iam com ele, não resisti e perguntei do que se tratava, fiquei sabendo que se tratava de cambistas e que alem de proibido a taxa era bem desfavoravel. Não pensei duas vezes quando ele retornou procurei por ele e fiquei sabendo que funcionava assim, ele me acompanhava até um escritorio ali proximo e lá eu faria o cambio o foi o que fiz, cheguei lá não havia fila e o cambio nem era tão ruim assim, meu principal medo era ser assaltado por eles, receio que não se concretizou, troquei trezentos Dolares que na época valia muito e voltei correndo pra minha Moto...e como num sonho ruim em que quando acordamos esta tudo bem, assim foi aquelas horas que passei por ali. Beijei a Moto prometi que não iria abandona-la daquele jeito e que no primeiro posto iriamos nos abastecer, foi assim que fizemos e antes das duas da tarde já estava nas retas da Ruta 7.


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Ruta 7 

Depois de um atraso de quase quatro horas na fila do banco para cambiar pratas, enfim estou na Ruta 7, não tinha nem uma programação de onde eu passaria a noite só tinha na cabeça que queria andar o maximo possivel naquele dia... 
 

Como a maioria das rutas argentinas a Ruta 7 as vezes da impressão que é uma reta só, da pra contar nos dedos as curvas, então imagina o tedio, olho pra frente e vejo aquele risco interminavel pela frente, pode-se dizer que os primeiros quatrocentos quilometros são de pura monotonia,encosto a bunda pra traz, volto para frente, deito no guidon, estico as pernas, levanto os braços, fico em pé na pedaleira, tento de tudo para amenizar o tedio, sem contar que as paisagens nesse trecho são repetitivas e cansativas, plantações de milho nos dois lados da pista as vezes para alegria, uma de girasois e assim vai, outra curiosidade da Ruta 7 é que ela e entrecortada varias vezes por linhas de trens graneleiros. 

Foi assim nessa rotina que rodei quase quatrocentos km até chegar na laguna Picasa. Uma cancela, uma guarita do Exercito e uma placa indicando que a Ruta esta interditada por alagamento, desci da Moto e fui falar com o recruta que tomava conta da cancela quais eram as possibilidades contornar a Laguna. Eu teria que Voltar uns trinta km até Diego Avellar e lá pegar a Ruta estadual 14, seguir até Venado Tuerto e lá seguir pela Ruta 8. Assim falando parece facil...porem me perdi umas quatro vezes, essa Ruta 14 não havia sinalização nem nos cruzamentos com outras estradas vicinais, foram 100 km 







O Velho

Um fato curioso que me aconteceu nessa Ruta Estadual 14 é que numa dessas vezes que me perdi, fui sair num pequeno povoado com duas ou tres ruas o vento trazia pra cidade aquelas bolas de capim enormes que ficavam rolando pelas ruas, essa cena eu só tinha visto em filmes logo me lembrei das peliculas de faroeste. Andei pelas ruas nem uma loja, mercearia, nada aberto um deserto total, ninguem para dar informações, apesar do calor insuportavel senti um frio ou melhor um calafrio, lugar muito estranho, porem o fato curioso ainda estava por vir, já quase saindo da cidade numa casa eu vi um senhor sentado numa varanda, parei a Moto e tentei pergunta-lhe como chegar em Venado Tuerto, ele saiu calmamente da varanda se dirigiu até a mim na rua, eu estava em pé ao lado da Moto com o capacete em uma das mãos e ele sem dizer uma palavra sequer, me abraçou demoradamente. Naquele momento enquanto ele me abraçava um sentimento estranho tomou conta de mim, eu nunca tinha presenciado aquele tipo de energia. ainda hoje eu acredito que o principal motivo da minha viagem ter sido as preças, tenha sido por aquele abraço, daquele dia em diante passei a perceber certos sinas que até ali eu não me dava conta. Mas essa é uma outra historia e quem sabe um dia eu tambem consiga relatar.
 

E sem dar uma palavra se quer o velho retornou para dentro do seu quintal. Com um nó na garganta percebi que aquele momento éra um sinal, liguei a Moto e fui, um sentimento de felicidade tomou conta de mim, acabava de acontecer ali no meio daquele deserto algo que sem saber procurei por muito tempo e encontrei num silencioso abraço de um velho.
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Cheguei em Rio Cuarto

Passei por Venado Tuerto já passava das seis e como o sol ainda estava alto,
e apesar de cansado resolvi tocar pra frente, fiquei sabendo que em Rio Cuarto as possibilidades de hospedagem eram melhores e assim foi mais 250km pela Ruta 8. quase dez da noite eu ja estava hospedado num pequeno quarto num hotel na entrada da cidade de Rio Cuarto.

O calor era insuportavel,Tomei o banho mais agradavel de toda a viagem,
e mesmo cansado sai para conhecer a cidade, confesso que não esperava que a cidade tivesse uma vida noturna tão ativa mesmo em dias de semana. Argentina sempre me surpriende, mesmo onde eu pensava ser o cafundó do judas, teatros , museus, cinemas, lindas plazas e mais importante de tudo. pessoas usando tudo isso...

Na volta para o hotel, passei no restaurante que o recepcionista havia me indicado e experimentei o capelete com molho vermelho e carne marinada...prato simples e de tão bom me lembro dele ainda hoje.

Quase meia noite quando me deito, tentei relaxar para dormir mas os pensamentos me vem, foi um super dia, nem parece que sai do Uruguay essa madrugada, passei por Buenos Aires revi meus lugares naquela cidade, passei pelo apuros por não ter feito cambio, as filas dos bancos em Avelaneda, as retas da Ruta 7, o alagamento da Ruta em Laguna Picasa, meu encontro enigmatico com o velho e já agora aqui numa cidade de Cordoba em vão eu tento dormir.








Ruta 7 depois de Villa Mercedes, Uma estrada Brasileira.

Apesar das poucas horas de sono estava refeito e descansado da jornada de ontem e agora enquanto tomo cafe, coloco meu guia Quatro rodas em cima da mesa e vou traçando uma Rota imaginaria, se tudo der certo hoje eu chego na tão sonhada cordilheira do Andes.

O bom de viajar com pouca tralha é que não se perde tempo é só atar a mochila na Moto e ir, e por volta das sete da manhã lá estava eu novamente pela Ruta 8 rumando para Ruta 7.

Rapido chego em Villa Mercedes por volta das dez da manhã passo por San Luis, só paro para abastecer, fui alertado pelo frentista para tomar cuidado com combustivel nesse trecho, os postos chegam a ficar a 100 km de distancia um do outro. aquela informação me deixou tenso, afinal a autonomia da Tornado estava girando em torno de 180km e por precaução todo posto que eu avistava eu parava para abastecer. 

O que quebra um pouco da monotonia dessa parte da Ruta é a quantidade de caminhões, passei por varios caminhões Brasileiros e por incrivel que pareça só de avistar um caminhão Brasileiro começo a sentir saudades do Brasil. Quando conseguia ultrapassar algum caminhão Brasileiro e eles pela placa da Moto percebiam que eu era um conterranio era uma festa de buzinaços pela Ruta. 
Apesar de distante comecei a me sentir nas estradas paulistas pela quantidade de caminhões Brasileiros.



Sierras Grandes 



Ao me aproximar de Las Sierras Grandes a Ruta volta a ficar emocionante. Nada como as curvas de uma montanha para deixar esse Motociclista feliz, rodei quase seiscentos km de retas intermináveis e rodaria tudo de novo, somente pela sensação de recompensa ao avistar de longe as grandes serras ainda mais se os picos estiverem nevados. No inicio quando passei por aqui chamei esse lugar de pré cordilheira, mas agora pesquisando soube que se trata de um cordão da cordilheira dos Andes,chamado de Sierras Grandes.



Sierras Grandes
A Cordilheira 



"...a viagem começou a ficar emocionante as curvas da pré cordilheira parece que vinham me receber de braços e almas abertas uma curva mais linda que outra o dia estava lindo o vento me acompanhava porem nada que tirasse o encanto de pilotar novamente pela aquelas Rutas ao pé da Cordilheira dos Andes.Senti ali naquele momento que a minha verdadeira viagem estava começando e uma felicidade invadiu a solidão de dentro do meu capacete, uma sensação de liberdade, é como se a natureza o homem a maquina e a Ruta se fundissem num só sentimento.E é nesse momento que justifica tantos meses de preparação, tantas noites mal dormidas e de sonhos acordado. Uma pena não poder expressar esse sentimento para meus familiares, meus amigos e todos aqueles que ficaram torcendo por mim, porque se eu pudesse assim fazer, eles entenderiam com outros olhos o porque dessas viagens, que nós motociclistas fazemos, tão só, dentro dos nossos capacetes." 

Obs. Esse relato ai acima eu escrevi na minha ultima viagem a Patagonia em 2010. Fiz questão de mencionar ele aqui porque percebi que desde a primeira vez que pilotei pelos Andes até hoje a emoção é a mesma. Acredito que não é só em mim, mas essa cordilheira desperta emoções na maioria dos Motociclistas Viajantes Brasileiros, aja visto a quantidade de nós, que dedica boa parte de nossos sonhos em viagens que passem por aqui.
Viagem Solo. 

Sempre viajei solo, e pra falar a verdade nunca foi por opção e sim pela dificuldade de compartilhar Datas, Roteiros, Grana, e principalmente Tempo e percebi que quanto mais grana o cara tem menos tempo ele consegue para dedicar as viagens, Pelo menos é o que acontece com a maioria dos amigos que um dia planejaram viajar comigo, porem quando chega na hora H é o tempo que sempre falta. 

Estou comentando isso porque a unica vez que tive o prazer de pilotar lado a lado com outro Motociclista foi com um desconhecido solitário também. Vejam só como foi... 

Faltava menos de 200 km para chegar em Mendoza quando me dei conta pelo retrovisor que um Motociclista me seguia, os kilometros foram passando e ele lá me seguindo, a principio fiquei preocupado, pensei comigo, sera que ele espera um momento oportuno para me roubar? " Por incrivel que pareça todo Motociclista é solidario, porem quando se é de São Paulo por distante que esteja, ainda carregamos esse ranço do medo de ser roubado" ainda mais viajando só. Porem o tempo foi passando e ele se aproximando e percebi que se tratava de um Motociclista Viajando solo como eu, acenamos um para o outro e hora emparelhava-mos, Hora eu passava a frente e assim foi por quase duzentos km até que num aceno de mão nos despedimos e cada um para seu destino e assim se deu minha unica experiencia em viajar em dupla pelas Rutas. 

Considero esse mais um fato curioso da viagem, afinal nem sequer paramos para saber dos nossos destinos, apenas fizemos companhia um ao outro, então toda vez que imagino um Motociclista solitário não penso em mim e sim dele, até porque se ele quisesse facilmente ele voaria na minha frente comparando a Transalp dele com a minha Tornado. 

Quem viaja só, sabe do turbilhão de pensamentos que nos acompanha, nem sei como é possivel que caiba tantos dentro de um só capacete. 
Então, meu obrigado a você Motociclista desconhecido e solitário Por ter me acompanhado por esses poucos kilometros até os pés da cordilheira dos Andes.


Mendoza

Essa era a unica cidade que nessa viagem eu tinha planejado passar pelo menos um dia. A cidade é linda, passei por algumas praças, rua com arvores frondosas e o centro da cidade muito bem cuidado, os restaurantes com as mesas nas calçadas, enfim uma cidade para varios dias e como a grana e o tempo era curto resolvi tocar pra frente, não era quatro da tarde e sol ainda alto quando rumei para Uspallata, sem contar que o motivo da minha pressa era outro eu não estava me aguentando de vontade de entrar e subir pelas Rutas da cordilheira e fui...Sai da cidade pela Av. San Martin passei pelo lendario km Zero da Ruta 40, rumei novamente pela a Ruta 7 ao subir a cordilheira as paisagens são de tirar o folego e algumas são motivos de contemplação, impossivel não parar a Moto, contemplar e agradecer a natureza...O Dique de potrerillos já nas alturas mais de dois mil metros, Os tuneis cravados em pedra, a Ruta sinuosa, a paisagem arida da cordilheira no verão com os picos nevados, passo pelo complexo de Las Leñas completamente vazio com ar de abandonado e fico imaginando aqueles telefericos lotados de turistas na temporada de inverno e assim extasiado passo por Uspallata onde eu pretendia passar a noite, passava um pouco das cinco da tarde ainda ensolarada, porem o frio da subida já começava a dar o ar da graça...Resolvo que quero mais e toco pra frente, nesse trecho da Ruta em Uspallata a varios bolsões de estacionamento para caminhões de toda parte do Mercosul, pude observar que os caminhões Chilenos eram os mais bonitos...
 


Las Cuevas 



Apesar de passar das seis da tarde o sol me parecer que iria demorar para se por, eu estava entusiasmado com a Cordilheira, cada curva uma nova paisagem, e conforme vou subindo percebo ao olhar para traz a beleza do zig zag da Ruta. Passando da metade da subida o frio vem com tudo, já estava com todas as minhas brusas e até a capa de chuva, sofri um pouco com frio nas mãos, fiquei preocupado a noite resolveu chegar e eu não me sentia preparado para pilotar a noite e com frio, antes de sair de Uspallata fui informado de um Hostal em Las Cuevas e era lá que eu iria passar a noite. 

Subi toda Cordilheira sem nem um problema a não ser o frio, encontrei o Hostal já quase de noite fica bem proximo do tunel internacional Cristo Redentor fronteira com o Chile. Fui muito bem atendido pelo Juan, Fiquei sabendo que eu era o unico hospede naquele noite e mesmo assim me atenderam como se o albergue estivesse em temporada, pedi para me prepararem uma Omelete com batatas não resisti e tomei sozinho uma garrafa do vinho produzido em Mendoza. Que delicia de Omelete até que combinou com o vinho, de lá de dentro eu podia ver a Moto estacionada lá fora naquele frio, nem a mochila eu tirei de tanto que estava cansado, O vinho me deixou alegre e me animei a tomar banho o que me caiu muito bem, dormi feito pedra. 
Ao amanhecer de frente para o Hostal pronto para partir, não sem antes subir o Aconcagua.

Aconcagua...Horcones

Certos lugares deixam marcas e o significado as vezes somos incapazes de compreender. passar a noite aqui nesse lugar truxe um significado para mim, afinal desde criança eu sonhava com a cordilheira dos Andes, passar uma noite ao lado do Aconcagua e imaginar toda aquela imensidão, voltar um pouco o tempo e imaginar os povos Incas que deixaram suas marcas e pontes por aqui. Só por isso esse lugar já é especial e para mim esse é mais um lugar mistico uma passagem secreta para o meu interior. Obrigado Natureza por esse momento.

Me despertei bem cedo e descansado e com o primeiro raio de sol me levantei, passei pela cozinha e a esposa do Juan já havia deixado um bule de chá, torradas e geleia preparada para o unico hospede daquela noite. Conversamos um pouco ao lado do fogão a lenha onde fui incentivado a conhecer uma parte do Aconcagua, O Horcones, O cemiterio que dava nome ao lugar Las Cuevas onde até hoje são enterrados os alpinistas que morrem tentando o cume do maior das Americas, a Puente del Incas.

Não resisti e deixei o Chile para mais tarde, afinal ainda não era seis da manhã e avistar o cume do Aconcagua tambem fazia parte do meu sonho.

Sai pra fora e pude perceber como a noite foi fria, o cordão extensor que prendia a mochila na Moto estava congelado, até minhas calças umidas que estavam dentro da mochila congelou. 
Em toda viagem aquela manhã foi a unica vez que dei partida na Moto e ela não pegou tentei outras vezes e nada, o Juan me aconselhou a não me preocupar, ele já havia visto muitos outros motociclistas na mesma situação e resolvi ouvir o conselho dele esperar um pouco e tentar de novo e foi o que fiz, empurrei a Moto por alguns metros dei partida e ela pegou... Deixei ela ligada enquanto me despedia do Juan e esposa e fui conhecer aqueles lugares, mas deixei tudo pronto para que na volta não precisase passar por ali novamente. 
Entrada do parque Aconcagua, por ser verão pude seguir de Moto até o final da trilhas de Los Horcones.


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Laguna Horcones...Limpida

Aconcagua, de tão tranquilo não dava a impressão de imponencia que ele realmente tem...A Natureza nos da lição sem dizer uma palavra .. basta observar.

Base dos socorristas do Aconcagua.



Cemiterio Mistico, Muitos dos que estão aqui morreram na tentativa de realizar o Sonho.
Duas horas foi o tempo que gastei para conhecer o Parque Aconcagua, a Ponte Inca o Cemitério dos Alpinistas, Optei em não ir ao Cristo, afinal eu estava ancioso em atravessar a fronteira e entrar no Chile pela primeira vez.

E por falar em fronteira os Chilenos são totalmente exigentes, tive que abrir e retirar tudo da mochila, ate o banco da Tornado que não é móvel eles queriam que eu retirasse, foi uma revista minuciosa, fiquei apreensivo mas estava tudo certo, não havia nada que me impedisse de conhecer o Chile em menos de trinta minutos lá estava eu nas Rutas Chilenas.

A Moto 

A Tornado nessa viagem foi perfeita, não exigiu nenhum tipo de manutenção nesses 10.000 km de viagem a não ser as trocas de óleo e calibragem dos pneus, não troquei filtros, não engraxei correntes, nenhum pneu furado, nem uma pane eletrica ...Nem mesmo na altitude ela me preocupou, apesar das falhas de motor durante a subida, problema este que eu esperava que fosse maior, porem foi tranquilo os unicos sustos foi com falta de combustivel no Uruguay e na unica vez que dei partida e ela não pegou, porque congelou durante a noite na cordilheira, mas em poucos minutos tudo estava normal... 

As desvantagens, uma delas é a falta de bolha, o vento pega o peito de frente, fiz muita força nos braços e cabeça para poder me manter numa velocidade cruzeiro de 120 km h. Show de bola essa Tornado ele me levou e me trouxe de volta, foi perfeita, nem pneus ela gastou, e para minha maior alegria, fiquei com ela alguns meses depois da viagem e quando a vendi ainda obtive lucro, afinal eu vendi pelo preço maior que havia comprado ou seja ela se pagou sozinha, não troquei nenhuma peça nem pneu, não coloquei nenhum acessório...felicidade total, uma pena que tive que vende-la.
Cuesta Juncal Os Caracoles 

Como já relatei antes, quando viajei pela primeira vez ao Chile, não fiz pesquisa nenhuma das Rutas e caminhos que eu faria...Fui seguindo as placas como me sugeriu o meu amigo Carlos Rojas anos antes. 

Quando eu sai da aduana Chilena e logo segui pela Ruta 60, as curvas da cordilheira me deichou estasiado eu "adoro curvas". Quando me dou conta estou de frente para os Caracoles... Parei a Moto na hora, fiquei imaginando comigo. A paisagem daquela Ruta me veio de brinde, não sabia, nunca tinha visto falar e nem tinha visto por foto os Caracoles. E para quem gosta de curvas como eu, só por estar aqui e poder fazer aquelas curvas já valeu toda a viagem...
Sempre amei as estradas sinuosas inclusive a minha preferida é a Rio Santos no sentido Rio Ubatuba. Porem essas curvas dos Caracoles, confesso me tirou o folego...

As Curvas dos Caracoles

800px-Ruta_CH-5.PNGRuta 5 - Panamericana - A estrada mais longa do mundo

Assim que entrei no Chile a minha vontade era ir logo para o litoral conhecer o Pacifico, Porem ao pegar a Panamericana que me levaria a Valparaiso errei o acesso a pista e peguei sentido Santiago. Resolvi então que passaria primeiro pela capital Chilena depois voltaria para Vina del Mar e Valparaiso.

Naquela época a Panamericana me fez lembrar das estradas da California, que eu conhecia muito bem através do seriado Chip´s "Califórnia Higway Patrol ou seja Chip´s" me senti como Poncherello ou Jon Baker.

Apesar do curto, aquele caminho até Santiago me sentia realizado de estar rodando novamente pela a mais longa estrada do mundo. e para um Motociclista besta como eu, aquilo significava muita coisa.
 




Santiago

Fui a Santiago somente para poder dizer que passei por lá, me arrependo de não ter ficado pelo menos uma noite por là. Na verdade
fiquei intimidado pelo tamanho da cidade, alem do mais eu estava com pouca grana e os hoteis naquela época em santiago eram carissimos.

Me lembro que passei pela universidade Catolica e ainda hoje me lembro da tonalidade terracota daquela imensa fachada, me recordo de um canal proximo ao centro com uma agua limpida, pensei comigo que fosse um canal de degelo da Cordilheira ali do lado, sem querer me lembrei do Tiete " será que um dia verei o tiete limpo assim?" Tirei algumas fotos basicas no palacio de Las Monedas, um policial super simpatico, disse que se eu quisesse poderia colocar a Moto na calçada para tirar fotos do palacio, conversamos por alguns minutos, me informei com ele a maneira mais facil de voltar para Ruta sentido Vina del Mar, essas são as lembranças de Santiago.
 

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Palacio de la Moneda

  115 km Santiago Valparaiso 

Sai de Santiago já passava das onze da manhã. Por ser domingo o movimento da autopista que da acesso a Ruta nacional 68 me fez lembrar da nossa Imigrantes ou Anchieta com as familias decendo para o litoral. Rodei por 75 km pela grandiosa Autopista, logo que passei por Casablanca entrei pelo Parque Reserva do Lago Panuelas Parei minha Moto ao lado do lago contemprei a paisagem por alguns minutos e voltei para a RUTA 68...O motivo de eu estar ali estava a poucos km a frente o tão sonhado Pacifico.



O Pacifico

Não poderia ter sido melhor a minha primeira imagem do Pacifico, ainda na Ruta em cima da minha Moto derrepente após uma curva, Lá estava a imensidão daquele mar e no inicio daquela tarde como num filme, um veleiro solitario entre o Sol e o mar...A sensação indescritivel de felicidade e de dever cumprido tomava conta de mim...Um veleiro solitario, um Motociclista solo. Essa viagem me reservou momentos magicos.


Um gole de Pisco em Valparaiso

Continuei pela Ruta margeando o Pacifico sentido Valparaiso, e dentro do capacete eu não podia me conter de felicidade,para mim aquela realização era uma façanha e pensar que a dez dias atraz nem se quer a Moto eu ainda tinha, foi tudo decidido no momento, sem planejamento e agora eu ali com meu sonho realizado pilotando ao lado do pacifico, um domingo frio porem ensolarado....chegando em Valparaiso, do alto pude avistar toda aquela cidade portuaria,ainda me lembro muito bem que do alto, o que me chamou atenção, ancorados no porto, aquela sequencia de navios cargueiros, todos da mesma cor, vermelho. aquele patio de conteiners me fez lembrar do porto de Santos e mesmo sendo domingo o movimento de caminhões beirando o cais é igual ao de Santos. apesar da minha pressa para chegar em Vina Del mar, passei com calma pelas ruas de Valparaiso, do centro da cidade que fica na parte baixa olhando para cima se avista a maioria dos bairros que ficam nas serras que circundam a cidade.

Ao sair da cidade sentido Vina del mar errei o caminho e subi sentido ao bairro, sem querer entrei numas ruelas, levei um susto ao parar para perguntar. Alguns jovens quase bebados rodearam minha Moto, foi só susto, afinal eles ficaram felizes com aquele Brasileiro com uma Moto do Brasil bem ali no bairro deles, por alguns minutos eu e a Moto fomos a sensação daquela tarde. já que eu estava ali resolvi entrar na onda e pedi para tomar um gole da bebida deles e na garrafa mesmo esperimentei pela primeira vez o Pisco Chileno. Gracias e Adios Muchachos!!!






Roger Waters / Pink Floid-Wish You Were Here

Vina del mar esta a quinze km de Valparaiso e no meus planos era lá que passaria a noite...Fui rodando bem devagar beirando o Pacifico as curvas ali daquele litoral me faziam lembrar da Rio santos BR 101 entre Angra , paraty, ubatuba, não que parecesse, porem não sei porque, éra dali que eu me lembrava.....
Viña del Mar 

Vina del mar uma cidade linda e toda florida, plaças e jardins um mais bem cuidado que o outro, sem palavras para descrever o charme daquela cidade, sem contar a tradição das charretes e carruagens pelas ruas da cidade. Porem não contava com um imprevisto, cheguei na cidade em um domingo de verão, imaginem, Santos, Guarujá, Floripa, Rio em alta temporarada, pois é assim estava vina del mar aquele dia. E para piorar Roger Waters vocalista do Pink Floid faria um show na cidade naquela noite ...apesar da segurança e da multidão consegui chegar bem proximo do Sheraton Miramar onde meu maior idolo estava hospedado, valeu a pena afinal foi emocionante imaginar estar tão proximo de Roger Waters e poder tambem cantar com a multidão a minha musica preferida entre todas as outras "Wish You Were Here"






Sonho Realizado 

Não consegui me hospedar na cidade, e pra falar a verdade achei até melhor que fosse assim, apesar de ser tarde, aquele dia tinha sido um dos mais bem aproveitados de toda a viagem, afinal pela manha eu havia saido da cordilheira fui a santiago, conheci o Pacifico objetivo da viagem, conheci pessoas e tomei Pisco nas ruas de Valparaiso, rumei para a charmosa vina del mar e apesar de ter encontrado uma cidade lotadada, pude ouvir e cantar Pink Floid pelas ruas da agitada Vina del mar. 

Ouvir "Wish You Were Here" nas ruas mexeu comigo e naquele momento decidi que éra meu momento de voltar pra casa e eu faria isso naquela mesma tarde, fui até a praia me despedir do Paciico e sem se quer descer da Moto acenei para o mar e assim foi que me despedi do litoral Chileno...O sonho de conhecer o pacifico estava realizado.
Inicio da volta 

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Me despedindo do Pacifico

Sai de vina del mar ja passava das cinco da tarde, disse para mim mesmo que iria rodar até alguma cidade onde houvesse algum hotel vago para me hospedar, e foi rodando assim que cheguei na cidade de Los Andes, me Hospedei no primeiro Hotel que encontrei bem proximo da ruta 60, aquela que me levaria de volta a Argentina. 
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Chegando em Vina del mar








Sindrome da saudade 

Como eu falei antes aquela musica do Pink Floid que eu ouvi em Vina del mar mexeu comigo, não sei porque derrepente me bateu a sindrome da saudade. naquele momento o que eu mais queria era voltar rapido para casa beijar meus filhos estar proximo da familia... Ná época não tinha a facilidade da Internet nem do Celular, talvez ai o motivo da minha pressa em voltar para casa.





De volta. Los Andes - Chile a Rio Cuarto - Argentina 760 km 



Sai do hotel em Los Andes ja passava das nove da manhã. resolvi que iria passar a noite no mesmo hotel em que fiquei em Rio Cuarto e assim foi que fiz quase que numa tocada só, parando somente para tomar agua e abastecer e ao longo do caminho agradecendo a Deus pela aquela oportunidade unica e agradecendo tambem a qualidade da minha Tornado, que quanto mais rodava mais me sentia seguro pelas Rutas. 

Por volta das sete da tarde me aproximava de Rio Cuarto um final de tarde ensolarado, quentissimo, fiquei no mesmo quarto do mesmo hotel e um banho era tudo que eu sonhava naquela tarde encerrei aquele dia lanchando o mais tipico lanche Argentino, uma Milanesa de Lomo.


Meu "Iron Butt" 1000 km em 12 Hr 


De Rio Cuarto - Ar a Uruguaiana - Br, Esse foi o dia que eu bati meu Record de km rodados na minha Tornado, em pouco menos de 12 Hrs rodei 1020 km, e olha que houve varios contra tempos pelo caminho, fui parado duas vezes pela policia, fui parado também por um enxame de abelhas e mesmo assim antes das sete da noite estava me hospedando em uruguaiana as margens do rio Uruguai.





Policia Rodoviaria Argentina 
Sempre me perguntam a respeito dos policiais Argentinos...E o que eu posso dizer é que eu conheço os dois lados da policia Rodoviaria Argentina. Especificamente nessa viagem eu tive dois imprevistos com a policia e por coincidencia os dois imprevistos foram no mesmo dia entre rio Cuarto e Uruguaiana. O primeiro foi a poucos km de Rio Cuarto na Ruta N 158 na pequena cidade de General Deheza, logo apos sair de um semaforo comecei a ser perseguido por um policial numa pequena Moto, confesso que quando percebi o tamanho da Moto dele deu vontade de não parar afinal aquela Cinquentinha jamais ia acompanhar o torque da Tornado, pensei bem e resolvi parar afinal ele tem radio e poderiam me cercar mais a frente...Logo de cara percebi que ele sabendo tratar de uma Moto brasileira tentou me estorquir, ele justificava que eu havia desobedecido sinal vermelho no farol, infração que eu tinha certeza que não havia cometido eu bem que podia ter dado alguns pesos para evitar perda de tempo, Porem quando ele descaradamente fingindo atuar uma multa dizendo que se não pagasse ali na hora ele apreenderia a Moto e a se assim fosse ficaria muito mais caro para retirar a Moto de La Comissaria, resolvi arriscar e disse a ele que não daria nem um centavos resolvi entrar no jogo dele e menti tambem, falei que estava visitando parentes em Rio Cuarto e que ele podia aprender a Moto e que eu ligaria para meus parentes para virem me auxiliar na retirada da Moto e por inclivel que pareça meu blef funcionou...Não sem antes levar uma canseira de quase meia Hr...essa foi minha primeira experiencia com policiais corruptos Argentinos. 


A minha segunda e ultima experiencia ruim com policiais Argentinos, foi nesse mesmo dia 800 km a frente já na mal falada Ruta N 14, aja visto varios relatos de Brasileiros que sofreram abusos nas mãos de policiais corruptos nessa Ruta. A pouco menos de 100 km de Passo de Los Libres fui parado num posto rodoviario o ingraçado que não me solicitaram documentos e logo me informaram que minha Moto faltava equipamentos e que então apreenderiam a Moto por isso a menos que eu colaborasse com alguns Dolares ..Foram direto ao assunto, porem mal sabiam eles que estavam lidando com o maior mão de vaca das americas, afinal em se tratando de propinas eu sou chato e detesto pagar, ainda mais quando tenho certeza que não devo...A minha tatica dessa vez foi fingir que não entendia nada que eles estavam dizendo e as unicas frases que eu dizia a eles era "não no entiendo e no tengo prata" e assim fiz até que depois de muito tempo perdido resolveram me liberar. A ironia é que ao sair vireime e tentei tirar uma foto deles uma das policiais saiu em minha direção chingando e gritando " no tome fotos...no tome fotos" Hoje percebo como arrisquei minha pele com aqueles policiais na Argentina. 
Até hoje dou risadas com aquele meu jeito de mão de vaca e de como consegui me safar por duas vezes de policiais corruptos sem pagar nada. Para finalizar o equipamento que eles me alegaram que faltava em minha Moto era o " Mata Fuego" . Onde ja se viu usar extintor em Motos? 

Quando disse la no inicio desse post que conheço os dois lados dos policiais Argentinos é porque tirando essas duas oportunidades sempre fui muito bem tratado pelos policiais Argentinos. Lá como cá ha excessões.



Patria amada - Uruguaiana 

Apesar do calor intenso, quando atravessei a ponte em Passo de los Libres para uruguaiana até o ar que era ofegante voltou a falar meu idioma...inclivel só o fato de vc atravessar a fronteira já te da a sensação de se sentir em casa, e era assim que eu estava me sentindo. 

Me hospedei num hotel no centro, tomei um banho refrescante e sai correndo para um orelhão para ligar em casa, essa era minha primeira vez que eu ligava para casa desde quando tinha saido pelo Uruguay....Engraçado que quando estou sem comunicação com a familia sempre me vem pensamentos ruins, sera que alguem ficou doente? e os filhos sera que estão se comportando? e a esposa? vixi da até medo de imaginar, só de pensar nela sozinha...brincadeira dona Deise...mas que os pensamentos vem, isso vem..Porem depois que liguei estava aliviado, tudo bem em casa e com os familiares...Pow!!! imaginei, se não fosse a falta de comunicação até que eu poderia ter esticado um pouco mais a Trip... 

Antes de voltar para o hotel fui comer um Hambuger num kiosque numa praça proximo dali...até hoje não me esqueço do tamanho do pão de hamburger achei incrivel aquele disparate, me lembrei na hora dos sorvetes lá de Itu...O mais incrivel ainda é que comi tudo e quase peço outro....



Ainda em Uruguaiana 

Pela manhã matei a saudade do nosso café. Duas semanas sem pãozinho frances me fez parecer uma delicia aquela feta de filão, servida pela manhã no hotel. 

Todas as minhas roupas estavam sujam, levei numa lavanderia expressa e antes das doze estariam lavadas, resolvi dar umas voltas pela cidade e como eu tinha ligado pra casa e estava tudo bem.. a minha pressa acabou, então como num estalo me veio o pensamento, vou voltar para Argentina e voltar para o Brasil via Paraguay. 

Voltei para o hotel e me arrependi de ter mandado lavar minha roupa, afinal eu poderia partir já ..olha a pressa de volta!! 
Enquanto eu aguardava para partir revi minha rota, que ficou assim, seguir até São Borja de lá atravessar para Santo Tomé na Argentina e seguir novamente pela Ruta 14 até o encontro da Ruta 105, passar em Posadas e se desse tudo certo passaria a noite em Encarnacion paraguay. 

Aproveitei aquele tempo livre, fui numa Fototica e mandei revelar um monte de rolos de filme em uma hora estava todos revelados as fotos ficaram ótimas algumas poderiam ser usadas como quadro de paisagens...Tive a ideia de mandar as fotos para casa pelo correio, então me ocorreu a ideia de mandar tudo de volta pra casa pelo correio, roupas, mochila eu iria terminar a viagem somente com a roupa do corpo e a capa de chuva. E assim o fiz,de agora em diante, sómente o kit de ferramentas e a roupa do corpo.


Uruguaiana. BR - Carmen del Parana. PY

Antes da uma da tarde eu ja havia enviado todas as minhas coisas pra casa, Liguei novamente pra casa avisei que iria voltar para Argentina, passaria pelo Paraguay só então voltaria pra São paulo...

Pude sentir que a Tornado ficou felicissima leve e muito mais economica...
atravessei a fronteira pela linda ponte recem inaugurada em são Borja em poucos minutos lá estava novamente na Ruta 14, em pouco mais de trezentos km estaria em Pousadas, a tarde passou rapido e a viagem rendeu antes das cinco da tarde ja tinha passado por Pousadas alguns quilometros a frente eu aguardava os tramites simples da aduana Paraguaya. Minha unica preucupação naquele momento era deixar a Moto estacionada no lado Paraguayo. me assustei com aquele monte de cambistas com bolsas lotadas de Guaranys um disputando com outro para que eu fizesse cambio com eles..aquela tinha sido minha primeira experiencia com uma casa de cambio ambulante, apesar da insistencia deles resolvi não fazer cambio por ali, a chance de ser assaltado era eminente pelo menos era a impressão que o medo me causou.

Outra curiosidade, foi em relação a moto, essa era a primeira Tornado que passava por ali e todos aqueles cambistas que estavam por ali ficaram curiosos com a Moto, alguns inclusive se ofereceram para comprar a Moto ali na hora, nunca tinha passado numa situação daquela, jamais aceitaria oferta para vender a Moto, muito menos na aduana Paraguaya, correndo o risco de ficar sem a Moto, dinheiro e a pé.
Sai dali o mais rapido que pude e assustado que estava resolvi que não ficaria em encarnacion, toquei até carmen del Parana. uma charmosa e bem cuidada cidade, coisa que eu jamais pensei que fosse encontrar no paraguay, ali pude perceber como somos preconceituosos com nossos ermanos paraguayos.

Fiquei no quarto andar de um aconchegante hotel, a recepcionista linda, um atendimento nata 10, nada me fazia lembrar o paraguay da fronteira.

Assim terminou aquele dia, não sem antes receber outra oferta de um recepcionista para que eu o vendesse a Moto ..Olha o sucesso da Tornado no Paraguay!!!
 

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Ponte na fronteira entre posadas e Encarnacion


Carmen Del parana. PY - Foz do Iguaçu. BR

Como falei antes. passei a noite aqui nessa bem cuidada cidade, ruas limpas, praças bem iluminadas floridas, pela manhã continuei tendo a mesma impressão até os estudantes todo eles bem uniformizados o transito organizado e melhor ainda a recepcionista linda ainda estava por lá, dava a impressão que eu estava numa ilha muito longe do Paraguay devido ao contraste ao restante do pais.

Uma curiosidade, perguntei ontem a noite no hotel para que me dessem uma sugestão de alguma comida tipica daqui, ao qual me foi sugerido esperimentar Sopa Paraguaya lá fui eu contente pensando que me seria servido algum caldo revigorante, minha surpresa é que essa sopa se trata de uma torta parecido com cuscus..Horrivel, minha esperiencia gastronomica no Paraguay ficou por aqui.

Pela manha não me dei ao luxo de esperar pelo café, a esperiencia com aquela torta ainda estava recente achei melhor não arriscar em esperimentar as arepas..

O recepcionista me acompanhou até a porta do estacionamente, me desejou sorte e cuidado e insistentemente me fez uma utima oferta na Moto..Ri e me despedi dele, a Ruta N 01 me esperava, 650 km me separava dali até Foz do Iguaçu, não sem antes passar por asuncion.
 


Patriotismo Paraguayo 

No caminho para asuncion parei em alguns lugares para tomar agua, uma coisa que me chamou atenção é o patriotismo Paraguayo, com a maioria das pessoas que eu conversava sempre vinham a tona assuntos relativos ao amor pela patria, confesso que fiquei surpreso, jamais esperaria tamanha devoção pelo pais como encontrei ali. " É de se parar para pensar, como pode um pais tão pobre ter cidadãos tão amantes da patria? do que eles tanto se orgulham? percebi ali como deixamos a desejar em relação valor do patriotismo no Brasil, outra coisa que percebi ali é que o paraguayo não guarda rancores a nós Brasileiros, afinal de todos os paises de toda nossa fronteira o que mais foi ostilizado foi o paraguayo, que na guerra com o Brasil, foi esprorado, as mulheres estupradas e muitas outras aberrações, historias que não são contadas no Brasil e mesmo assim, brasileiro é bem vindo no paraguay.." pelo menos era até o avanço dos brasiguaios em terras paraguayas."



Naquela época a Ruta N 01 Paraguaya até que era bem cuidada, talvez porque, se tratasse da principal Ruta que ligava a Capital ao sul Paraguayo e a Argentina.

Numa das subidas eu estava utrapassando um caminhão e no final da subida, dois policiais sinalizaram para que eu parasse...parei com medo de serem ladroes, eles estavam fardados porem utilizavam um carro comum como viatura, gelei e mesmo assim resolvi parar, desci da moto assustado eles aguardaram tirar o capacete e calmamente me disseram que eu havia utrapassado em local proibido eu não tinha como negar, as faixas continuas davam a eles a razão, foram diretos ao assunto, queriam propina, não sei se voces se lembram, já disse antes que detesto pagar propina, mesmo que eles tenham razão...argumentei por varias vezes que eu não levava dinheiro somente cartão, não teve jeito, o tempo foi passando e eles irredutiveis e o pior ainda é que até aquele momento eu não tinha certeza se eram ou não policiais de verdade, até que chegou uma viatura de verdade e com a maior cara de pau falaram para que eu ficasse tranquilo, porque eles não queriam multar ou apreender a Moto só queriam 100 Dolares e me liberariam. Ai é que eu fiquei louco.." 100 dolares naquela epoca valia quase 500 reais agora". Eu disse a mim mesmo, vou preso mas eles não me levam 100 dolares...Fui enrrolando o maximo que pude até que não teve jeito e abri o jogo com eles, abri minha carteira e mostrei alguns guaranis que me restavam e uma nota de vinte dolares, eles não tiveram duvidas abraçaram na hora e como se não tivesse acontecido nada me convidaram a tomar Terere com eles, apesar de fulo, aceitei e iniciamos varios assuntos, inclusive um deles me contou que ja havia morado em Catanduva interior de São Paulo e prestava serviços a antiga Telesp, por incrivel que possa parecer naqueles momentos nos tornamos numa especie de amigos, me deram varias dicas em relação a segurança minha e da moto em estradas paraguayas e uma das dicas que eles me deram ia de encontro ao que estava ocorrendo ali naquele momento..Me disseram para tomar cuidado com falsas blitz, que muitos policiais em dias de folgas iam as Rutas fazerem extras por conta propria. Pode uma coisa dessas?

Com 20 dolares a menos e uma sensação estranha de sorte por não serem ladroes e sim apenas uma tropa de corruptos. O que vocês fariam no meu lugar?
 



De volta para a Ruta uns 100 km passei por uma ponte sobre o rio parana, parei a Moto e me banhei numa especie de praia, posso dizer que esse foi o unico momento de descontração enquanto estive nas Rutas do paraguay, viajar solo por aqui é tenso, mas mesmo assim me permiti a aproveitar aqueles momentos ali na beira do rio. 
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Asunção proximo a rodoviaria, me lembrava em muito os camelos nas ruas do brás.
Cheguei em asuncion já passava das duas da tarde, um clima de insegurança me abateu, parei num farol e o motorista ao lado levava uma pistola sobre o colo, talvez para de defender de algum possivel assalto, talvez um policial a paisana, ou quem sabe um ladrão espreitando o momento oportuno, até hoje não sei, porem procurei sair da cidade o mais rapido que pude. 

Sai da cidade em direção a ruta 07, apenas trezentos quilometros eu estaria em Foz do Iguaçu...Hoje eu sei porque o trafego de contrabando na fronteira de foz com Ciudad del Leste é como é, passei pela aduana Paraguaya e Brasileira sem que nem um documento me fosse solicitado eu poderia estar levando o que fosse comigo que as autoridades não estavam nem ai...Foi assim o meu retorno ao Brasil. 

Em foz fiquei no mesmo hotel, que havia ficado nas ferias passadas com os meninos, pela mãnha bem cedo eu já estava na BR 277 sentido Curitiba.

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Unico momento de descontração, tomei banho no rio parana no Paraguay.
Cheguei 

Depois de tanto tempo hoje finalizo o relato daquela que na minha opnião foi a mais emocionante de todas as minhas viagens de Moto... 
Talvez por ter sido sem planejamento algum, decidi que ia, fui lá comprei uma Moto que cabia no meu bolso e fui...Simples assim. Fui com grana contada e de tão contada ainda sobrou 400 dolares...Fiz amigos pelo caminho, tive encontros com pessoas que sinalizaram o rumo da minha vida, conheci alem do meu quarteirão e viajei em mim, tanto quanto nas Rutas. 

Cheguei. 





3 comentários:

  1. Aí Saulo!!!

    Curti demais o post cara, parabéns. Eu não tenho braço pra fazer uma viagem dessas solo.

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  2. Grande amigo Pierozan, Por falta de tempo faz tempo que eu não passo por aqui, o Blog esta bem desatualizado. Quando tiver tempo a primeira atulização sera daquela nossa Trip pelo 244 km da Praia do Cassino. Obrigado pela visita.

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  3. Uma historia muito legal, tbm estou prestes a sair por ai, quero viajar pelo pais. Sem data para voltar. Parabéns cara.

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